Sejam Bem-vindos!

Este blog foi desenvolvido para discutir, informar e difundir os desafios do marketing no mundo atual, ajudando a realização da venda com excelência.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Parem de falar em crise !!!!

Vi a imagem acima em vários blogs de pessoas que sabem das coisas. E fiquei com a impressão clara de que está todo mundo cheio dessa história de ficar falando em crise e enfiando a cabeça no buraco (deixando o bundão de fora), "a la avestruz".

A saída envolve empreender, inovar, trabalhar. Entra em pânico, choramingar e botar a culpa nos outros não leva a nada !!!

Vamos fazer nossa parte!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Crise estimula consumidor a pagar à vista, diz ACP

Fonte: Investnews

A crise financeira internacional faz recuar as vendas a prazo e induz o consumidor a pagar as compras à vista, o que é um bom negócio para o comércio, na avaliação da Associação Comercial do Paraná (ACP).

Segundo o vice-presidente de Serviços da entidade, Élcio Ribeiro, a previsão para este Natal é de aumento de 4% nas vendas a prazo, percentual menor do que o do passado, que foi recorde (13,3%).

"A vantagem é que o consumidor terá o poder nas mãos. Com dinheiro, ele pode negociar com o empresário. O empresário, com recursos em caixa, pode negociar com o fornecedor. É o efeito cascata, que beneficia toda a cadeia e que pode resultar num dos melhores natais para o comércio", afirmou.

De acordo com Ribeiro, o valor médio da compra por consumidor deve ser de R$ 70 e a maior parte deve optar por confecções e calçados.

"Estamos lidando hoje com um consumidor bem-informado", disse o vice-presidente.

O recuo nas vendas a prazo e o aumento da taxa de inadimplência foram os dois sintomas verificados pelo comércio logo no início da crise. A explicação para isso, segundo Ribeiro, é que o consumidor foi cauteloso: pagou as contas que considera prioritárias, deixou dinheiro no bolso para emergências e preferiu pagar a prestação de compras já feitas com o décimo terceiro salário.

"Por exemplo, até agosto, durante cinco meses, a taxa de inadimplência se manteve em queda de 0,21%, a menor da série histórica iniciada em 1994. No mês de agosto foi 0,14% negativa, em setembro saltou para 0,21%. No último mês de outubro recuou para 0,15%", destaca.

A ACP recomenda que os empresários não repassem possíveis ajustes do dólar ao consumidor em uma só parcela. Ele acredita que o setor só vai sentir "de verdade" os efeitos da crise financeira internacional no início do ano que vem.

"Ela vai demorar de 90 a 120 dias para chegar ao varejo" prevê o vice-presidente da entidade.As informações são da Agência Brasil.

Natal aquece vendas de chocolate, diz Abicab

Diário do Grande ABC

O Natal já é considerado uma ‘segunda Páscoa’ para os fabricantes de chocolate. As vendas de produtos de chocolate de uso continuado (como barras, bombons e tabletes) devem alcançar 26,1 mil toneladas em dezembro – um aumento de 5% ante o mesmo mês de 2007, segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).

A média mensal deste ano estimada pela entidade foi de 23,8 mil toneladas, um crescimento de 4,8% ante o mesmo período de 2007. No ano passado, a média mensal foi de 22,7 mil toneladas, 15,8% acima de 2006 (com 19,6 mil toneladas).

No final do ano, os fabricantes de chocolate estimulam o desejo dos consumidores, exercendo toda a sua criatividade com o lançamento de produtos alusivos à época, seja em formatos, seja nas embalagens ou no conceito. Além de presente pessoal, o chocolate também tem sido oferecido como brinde de empresas, é parte importante das cestas de Natal e também vai à mesa como ingrediente nobre do cardápio das ceias e almoços festivos.

"Nosso lema é que o chocolate qualifica quem dá e agrada a quem recebe", diz o vice-presidente da Abicab, Mauricio Weiand. "É um produto eclético. Pode ser sofisticado, exótico, proporcionar diversão e, ao mesmo tempo, oferece uma grande variedade de sensações de prazer", comenta.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Levantamento indica que em tempos de tensão na economia o marketing está em alta

As empresas brasileiras não estão interrompendo a busca por investimentos, mesmo com os efeitos da crise nos mercados financeiros ainda dando sinais.

Ao que tudo indica, as ações de marketing deverão crescer no próximo ano em relação ao que foi realizado em 2008.

Um levantamento realizado pelo Ibope Inteligência no mês de outubro mostrou que as empresas pretendem aumentar a parcela do orçamento destinada ao plano de marketing em aproximadamente 13%.

O crescimento coincide com o que foi verificado entre 2007 e 2008.

Conforme os resultados da pesquisa, as companhias investiram 7,6% de seus orçamentos em marketing e para 2009 a projeção é de 8,6%.

Para os entrevistados, as principais preocupações em relação a 2009 são relativas a desaceleração da economia nacional, carga tributária, recessão mundial e retração na economia americana.

Os entrevistados acreditam que o uso de algumas ferramentas de marketing será intensificado no próximo ano.

Foram citadas a comunicação dirigida, tais como e-mail marketing e mala-direta (54% dos entrevistados), relacionamento/CRM-Customer Relationship Management (54%), eventos (50%), assessoria de imprensa e relações públicas (33%), comunicação de massa (31%), merchandising (18%) e promoções (16%).

Em relação aos meios de comunicação que serão mais procurados pelas companhias em 2009, destacam-se internet (56%), e-mail marketing (39%), mídia impressa (24%), mala-direta (23%), TV Aberta (16%), celular (13%) e rádio (10%).

Fonte: Assessoria de Comunicação Sistema Fecomércio-RS

O mercado de Espumas no Brasil - Uma visão crítica.

CRISE ECONÔMICA MUNDIAL - O maior desafio das últimas décadas para o empresariado e governo brasileiro.

Autor: Professor Luiz Alberto

Luiz Alberto S. dos Santos - Químico Especialista

Lembro-me muito bem das inúmeras desculpas que era levado a dar aos clientes do mercado quando o preço do TDI era aumentado. Reuníamo-nos na empresa para unificarmos o discurso de forma que a justificativa fosse igual para todos. A empresa praticamente mantinha o monopólio do produto (TDI) no mercado brasileiro e não tinha para onde correr. A importação era difícil e as outras marcas disponíveis no Brasil, até por limitações de logística, não ultrapassavam uma participação de 20 ou no máximo 25% do mercado. Me lembro muito bem que uma das justificativas, em determinada ocasião, foi a elevação acentuada do preço do petróleo. Inegavelmente, o TDI bem como os polióis, são derivados diretos do petróleo e é certo que haja reajustes na razão direta com o aumento do preço de petróleo.

Com toda a lógica e todo o raciocínio cartesiano aplicado sem muita dificuldade, para estabelecer a relação entre os ajustes de preço das matérias-primas básicas do poliuretano e o petróleo, o que não consigo entender é: por que o estúpido aumento de um dia para o outro das matérias-primas por conta do dólar uma vez que o barril de petróleo despencou?

Fazendo uma conta básica: vamos supor que no início da crise o barril estava na casa dos US$150 e hoje está na casa dos US$55 enquanto na mesma época o dolar estava na casa dos R$1,68 e hoje na casa dos R$2,33. Se pegarmos uma calculadora dessas tipo made in china (não precisa ser uma HP 12C) e fizermos uma operação matemática simples, podemos verificar que o preço do petróleo caiu 63,33% e o dólar aumentou 38,69%. Em outras palavras, as matérias-primas deveriam ter sofrido uma diminuição de preços da ordem de 25%.

Muito provavelmente temos instalada no Brasil uma capacidade mínima produtiva de 5.250 ton-mês de TDI (63.000 ton-ano) e 6.250 ton-mês de Poliol Poliéter Triol de No. OH = 56 (75.000 ton-ano). Essas matérias-primas são fabricadas em solo brasileiro, por plantas instaladas em polos petroquímicos no Brasil, operadas por trabalhadores assalariados brasileiros, consumindo petróleo ora brasileiro ora importado (saudita, por exemplo), consumindo energia elétrica produzida no Brasil por nossas hidrelétricas ou termoelétricas, e transportadas basicamente via rodoviária com diesel e pneus fabricados no Brasil.

É sabido que, muito provavelmente, os tanques de estocagem de determinadas empresas distribuidoras de Poliol Poliéter Triol básico, para fabricação de espumas flexíveis de poliuretano, somam entre 800 e 1.200 toneladas. É muito pouco provável que esses tanques estivessem completamente vazios de produtos ao longo do início da crise de explosão do dólar.

Como diz o ditado "para bom entendedor, um pingo basta". É uma vergonha, uma imoralidade, como os reajustes de preços das matérias-primas básicas (TDI e poliol) são repassados para o mercado. Os lojistas não vão aceitar aumentos nos preços de 30 ou 40% nos colchões ou estofados, nos dublados, nos travesseiros e peças técnicas. É uma estupidez astronômica.
A indústria automotiva está em crise acentuada. Vai ter que enxugar, reduzir a produção, cancelar projetos e, inevitavelmente e lamentavelmente, demitir. Como é que esse segmento de mercado vai aceitar qualquer aumento de preço em seus insumos (dublados de espuma) e demais peças poliuretânicas? Não precisa ter bola de cristal para imaginar.

O dinheiro que o governo liberou para os bancos não está sendo disponibilizado para o crédito do consumidor como seria o objetivo. Na verdade os bancos estão aplicando esses recursos para se proteger e ganhar ainda mais dinheiro com a situação. Em resumo, o povo não está tendo qualquer facilitação no crediário como imaginava o governo brasileiro. Isso significa que não vai ser fácil vender, lá na ponta para o consumidor, um jogo de estofados ou colchão 30 a 50% mais caro do que a um ou dois meses atrás.

Acho que a ficha ainda não caiu. Neste natal não vai ter explosão de consumo. Essa crise é muitas vezes maior do que a crise de 29. Foram mais de 3 trilhões de dólares que deixaram de existir da noite para o dia, dólares esses que nunca existiram a não ser virtualmente, nas supervalorizações de papéis e títulos sem os devidos lastros financeiros. Tudo virtual. O modelo econômico americano montado em papéis está ruindo, ruindo como um castelo de cartas.

No Brasil temos petróleo; temos energia (hidrelétrica, termoelétrica, eólica, solar e até nuclear); temos minérios variados (ferro, ouro, manganês, urânio, cromo, e tantos outros), quase uma tabela periódica inteira; temos solo fértil e uma agricultura vasta; temos pastos; temos a maior produção de biocombustível (álcool da cana); temos um clima favorável à diferentes culturas e criações. Eu não tenho a menor dúvida que somos um dos celeiros do mundo.

RELAÇÃO DE SERVIÇOS OFERECIDOS AOS FABRICANTES DE ESPUMA

Nossas referências de preços não precisam, não podem e não devem estar atreladas com moedas do mundo. Nosso mercado interno é gigante. Somos cerca de 190 milhões de consumidores que pouco a pouco vai se informando, por rádio, por televisão, por telefonia ou por internet. Praticamente, salvo raras exceções, somos 190 milhões de cidadãos interligados por uma ampla rede de comunicação.

Quem sabe se no futuro o biodiesel possa ser uma opção economicamente viável e auto-sustentável. Mas hoje, independentemente do biodiesel, nossos carros e caminhões podem se locomover com álcool que é plantado em nosso solo. As usinas, além de obterem o álcool, ainda geram o bagaço que é em quase sua totalidade queimado nas termoelétricas para produzir energia elétrica, viabilizando os atuais patamares de preços do álcool combustível.

Temos uma das maiores criações de gado do planeta, temos carne, queijo e leite e demais derivados. O sebo é matéria-prima para a indústria de sabão e também pode fornecer um dos melhores tipos de biodiesel.

Temos comida à vontade. Em qualquer pedaço de terra o que se planta dá. Não tem porque haver fome neste país. Temos a maior reserva de minério de ferro do mundo. Fabricamos o aço em nossos fornos e todos os seus produtos e derivados em nossas siderúrgicas e metalúrgicas. Temos pouco algodão mas temos toda uma gama de materiais e fibras sintéticas derivadas do petróleo. Temos as poliolefinas, os elastômeros e borrachas, as poliamidas (nylons), os poliésteres e poliéteres, e uma infinidade de outros plásticos.

Temos toda uma indústria de construção civil altamente qualificada que exporta serviços e tecnologia para outros países.

Temos inúmeras universidades e escolas técnicas espalhadas por todo o país, com um contingente enorme de cientistas, professores, alunos e profissionais altamente capacitados para produzir, inventar, e desenvolver qualquer processo ou produto. É só apresentar o desafio para que eles sejam capazes de superar. Nossa gente, nosso povo pode e é altamente capaz.

# Análise e Redução de Custos de Formulação
# Análise e Solução de Problemas na Espumação
# Desenvolvimento de Novas Formulações / Novas Matérias-Primas
# Auditoria em Formulações e Processo de Espumação
# Treinamento Técnico de Espumadores (Produção)
# Treinamento Técnico em Montagem de Formulações
# Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos

Por tudo isso, é inaceitável, é vergonhoso o abuso que se está cometendo no fornecimento das matérias-primas básicas para a fabricação dos poliuretanos no Brasil, por conta dessa dita crise mundial. A maior crise e a pior delas, é a crise de vergonha, digo, de falta de vergonha de como as empresas supridoras de matérias-primas estão agindo com os produtores brasileiros de poliuretano. Com isto, estão provocando uma crise social, estão fazendo com que haja lares neste natal, com pais, chefes de família desempregados, tentando explicar para seus filhos que Papai Noel talvez não possa passar este ano.

Eu só pergunto uma coisa: onde estão as planilhas de custo que justifiquem o aumento nos preços em função do dólar em relação ao real? Principalmente, pergunto às fábricas de TDI e polióis que estão intaladas em solo brasileiro, utilizando-se de nossos recursos naturais, de nossa energia elétrica, de nossos operários, onde está a planilha de custo que mostra ter havido aumento de 20, 30 ou 40% nas despesas para se fabricar o mesmo TDI ou o mesmo poliol? O Governo Brasileiro precisava saber disso, precisava ver isso, precisava ver o que empresas multinacionais estão fazendo no mercado brasileiro. E precisava intervir, estabelecer regras, fiscalizar e punir se necessário for.
É tudo ... por enquanto! ......................... em 15 de novembro de 2008.

Meu nome é Luiz.
Sou Químico graduado pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrando em Ciência e Tecnologia de Polímeros do Instituto de Macromoléculas Profa. Eloísa Mano (IMA-UFRJ).

Minha Especialidade é a Produção de Poliuretanos Expandidos com foco em Espumas Flexíveis de Poliuretano.

Minha Missão é servir às empresas que me contratam, auxiliando na melhoria contínua de seu processo industrial e na qualidade de seus produtos.

domingo, 9 de novembro de 2008

Disk Moacildo - Distribuição profissional de panfletos.

Costumo apresentar aqui alguns cartões de visitas diferentes, criativos e inovadores, este que hoje apresento tem um pouco de tudo, porém o mais interessante é a inovação apresentada pelo autor do cartão quanto a sua função, Moacildo é o nome dele, é panfletista profissional, e inovou quando distribui os panfletos de seus clientes.

Antes de entregar o panfleto ele faz uma pequena apresentação do cliente e ainda por cima lê o panfleto na íntegra. Outro detalhe, é que se a distribuição for num restaurante por exemplo, ele não pertuba os clientes do restaurante antes que os mesmos já tenham sido atendidos. A apresentação é um verdadeiro show de inovação. Uma maneira profissional de entregar panfletos com personalidade e originalidade. Prova mais uma vez que não tendo como criar algo novo pode-se melhorar e inovar o que já existe. Parabéns Moacildo o profissional dos panfletos da cidade de Sobral no Ceará.

img003 
Cartão de apresentação de Moacildo - O panfletista de Sobral/CE

sábado, 8 de novembro de 2008

Confie no próprio taco

É fundamental confiar no próprio taco !!!

Texto original do artigo de Marcelo Cherto publicado na Gazeta Mercantil de 07/11/2008:

Quando voltei do Mestrado na Universidade de Nova York e comecei a advogar em São Paulo, eu tinha 24 anos. E, apesar dos ternos sisudos e da barba que ostentava, era um garoto. E tinha cara de garoto. Mas era bom advogado. Um belo dia, por indicação de alguém, recebi um figurão, homem de muita grana, arrogante, com aquela pose que só os herdeiros de belas fortunas têm. Ele me expôs uma transação que pretendia fazer, pedindo-me para analisar a montagem jurídica sugerida pelos advogados de sua empresa. Burramente, não falei em honorários. Apenas lhe pedi uns dias para estudar o assunto e mergulhei com vontade na imensa pilha de documentos que ele me deixou.

Uma semana depois, me reuni com ele para mostrar a solução que havia bolado, 100% dentro da lei e que lhe gerava uma economia sensível de impostos, por volta aí de uns 500 mil dólares. Como a coisa toda era muito técnica, expliquei a estratégia por alto e entreguei ao homem um roteiro datilografado em cinco páginas de papel timbrado, para que ele o entregasse a seus advogados internos, encarregados da execução dos documentos.

Ele perguntou quanto me devia e eu, que ainda não havia aprendido que preço não tem nada a ver com custo, calculei as horas que havia gasto e respondi “dez mil dólares”. O homem fechou a cara e, de forma rude, para me intimidar, perguntou como eu tinha a coragem de cobrar dez mil dólares por cinco folhinhas de papel. Esbravejou que dava dois mil dólares por folha e que isso era um absurdo.

Minha vontade era chutar o cara para fora da sala, mas eu tinha trabalhado como um mouro e precisava daquela grana. Portanto, me fiz de humilde, pedi desculpas e disse a ele que tinha razão, que realmente era um absurdo cobrar tanto por cinco folhinhas de papel e que eu iria reparar o meu erro. O sujeito ficou todo feliz.

Abri a gaveta, de onde tirei cinco folhas de papel timbrado em branco. Coloquei-as num envelope e o entreguei ao cliente, dizendo: - “isto é uma cortesia, não lhe custará nem um centavo”. Ele explodiu: - “mas estas folhas estão em branco! Não há nada escrito nelas!”

E eu, calmamente, respondi: - “Mas afinal, o que é que o senhor veio buscar aqui? Por sua fala anterior, pensei que eram folhas de papel timbrado. Se é isso, aí estão elas. E não lhe custam nada”. E prossegui: - “Porém, se o que o senhor veio comprar aqui não são as folhas, mas sim o que está escrito nelas, aí vai ter que pagar. Afinal, para poder escrever o que escrevi, detalhando uma solução que vai lhe economizar pelo menos 500 mil dólares, foram necessários anos de estudo e uma semana mergulhado numa montanha de papéis. E isso tem um preço. E tem mais: se quiser levar o roteiro, vai pagar, não mais dez mil, mas sim vinte mil dólares, pelo desaforo de me tomar por um vendedor de papel”.

O desfecho foi o que eu antecipava, mas apenas em parte. Eu esperava que ele pagasse e ele pagou. Bufando, mas pagou.

Mas eu também esperava que ele nunca mais me procurasse e saísse falando mal de mim. E ele não apenas voltou a me contratar para outros casos, como ainda me indicou para vários amigos. Sempre dizendo - “esse advogado é bom. Não leva desaforo para casa e não se deixa enrolar”.

E eu aprendi, de uma vez por todas, que quem quiser ser dono do próprio negócio precisa, antes de mais nada, acreditar no próprio taco. E não ter medo de defender as coisas em que acredita.

Marcelo Cherto é presidente do Grupo Cherto, membro da Academia Brasileira de Marketing e integrante do Global Advisory Board da Endeavor.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Poder da Validação

Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super-confiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho.

Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça que já tenha sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator se relaxa e parte tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada novo artigo que escrevo, e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.

Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros. Trabalharíamos menos, curtiríamos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir esta insegurança?

Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.

Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.

Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos, não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.

Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a nossa própria insegurança, que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo", que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.

Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se, ou dominar os outros em busca de poder.

Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".

Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja.

Stephen Kanitz

Artigo publicado na Revista Veja, edição 1705, ano 34, nº 24, 20 de junho de 2001, pág.22

BB pode pagar caro por Nossa Caixa

Prêmio pelo banco paulista pode chegar a 50%, considerado exagerado pelos analistas

Por Francine De Lorenzo

Portal EXAME  A compra da Nossa Caixa pode custar ao Banco do Brasil muito mais do que esperavam investidores e analistas. Nesta quinta-feira (6/10), o jornal Folha de S.Paulo publicou matéria afirmando que devem ser desembolsados cerca de 6,4 bilhões de reais para a aquisição do banco paulista - o equivalente a 59,80 reais por ação. O valor embutiria um prêmio de 50% sobre o fechamento de ontem das ações (39,80 reais) e, na avaliação dos especialistas, seria exagerado. "O mais justo seria algo em torno de 50 reais por ação", estima José Góes, economista da corretora Alpes.
"Se a oferta fosse realizada num momento de liquidez abundante, como se via meses atrás, não seria excessiva. Mas, agora, o cenário é outro", afirma Wellington Senter, analista da Modal Asset Management. O alto preço, porém, poderia ser justificado pela escassez de ativos disponíveis para aquisição no mercado. A união de Itaú e Unibanco, anunciada na última segunda-feira (3/11), tornou mais difícil o crescimento por fusões e aquisições. "Por isso, mesmo sendo cara, a compra pode ser estratégica para o banco, trazendo bons frutos no longo prazo", diz Senter.
Embora o negócio não devolva ao Banco do Brasil a liderança do setor, já reduziria a distância do novo banco formado por Itaú e Unibanco. "A Nossa Caixa é uma instituição muito conservadora. É possível dobrar sua rentabilidade sem muito esforço, já que espaço para trabalhar produtos e serviços não falta", afirma Senter. Com a compra do banco paulista, o Banco do Brasil receberia a conta de 104 milhões de servidores do Estado de São Paulo. Além disso, teria direito de utilizar os créditos tributários (o que não seria possível em caso de incorporação) e receberia os depósitos judiciais. Como esse tipo de depósito pode ser feito somente em bancos públicos, o Banco do Brasil teria o direito de herdar o dinheiro. Já se a aquisição fosse feita por um banco privado, esses recursos teriam de ser migrados para outra instituição estatal.
Como ficam os minoritários?
Como a Nossa Caixa faz parte do Novo Mercado da Bovespa, todos os minoritários teriam direito a receber pelas ações o mesmo valor pago ao acionista controlador, o Estado de São Paulo. A troca de controle da instituição obrigaria o Banco do Brasil a realizar uma oferta pública de aquisição (OPA), o que fez disparar a cotação das ações nas últimas semanas. Em 30 dias, os papéis subiram 41%, com os investidores ansiosos pela conclusão do negócio.
A expectativa cresceu com a edição da Medida Provisória (MP) 443, que autorizou o Banco do Brasil a utilizar dinheiro em suas aquisições - o que até então era proibido. Com isso, foi eliminado um dos principais entraves à operação: a forma de pagamento. Como o governo de São Paulo quer reforçar o seu caixa, a venda da Nossa Caixa por troca de ações não é interessante.
Embora o negócio já seja dado como certo, há o risco - ainda que pequeno - de a venda para o Banco do Brasil não se concretizar. "Nesse caso, seria inevitável uma desvalorização das ações da Nossa Caixa", diz Senter. Mas isso não quer dizer que o investidor ficaria com um mico na mão. "Os papéis continuariam sendo um ativo cobiçado, já que outros bancos poderiam se candidatar à compra", ressalta o analista da Modal.
O Banco do Brasil anunciou em maio sua intenção de incorporar a Nossa Caixa. Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander protestaram. As instituições sugeriram a realização de um leilão, mas o governo não acatou o pedido. Uma desistência do Banco do Brasil, portanto, estaria muito longe de ser o fim da linha para a Nossa Caixa.

Fusão do Itaú com o Unibanco detona corrida de rivais para consolidar setor

Na esteira da criação do maior banco brasileiro, Banco do Brasil estuda reação e Bradesco pode ir às compras

A semana começou com o anúncio da fusão do Itaú com o Unibanco, que criará o maior grupo financeiro da América Latina, e o 16º maior do mundo. Os dois arquitetos do acordo, Roberto Setubal, do Itaú, e Pedro Moreira Salles, do Unibanco, enfatizaram que a aspiração é criar um banco global. As conversas, que duraram 15 meses e foram mantidas em sigilo, surpreenderam o mercado e os rivais. Para os analistas, o acordo inicia uma corrida pela consolidação do mercado brasileiro. O Banco do Brasil pode comprar o Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. Outro movimento do BB seria a aquisição da Nossa Caixa por R$ 6,4 bilhões, segundo a Folha de S.Paulo. Os analistas também apostam que o Bradesco irá às compras.

O Itaú e o Unibanco anunciaram nesta segunda-feira que criarão o maior grupo financeiro privado do Hemisfério Sul, ao unirem suas operações após negociações que já duravam 15 meses.

A operação prevê que acionistas do Unibanco Holdings e do Unibanco migrarão para uma nova instituição chamada Itaú Unibanco Holding.

A relação de troca prevista é de 1,7391 units do Unibanco para cada ação da nova instituição.

Após a operação, a Itaúsa, holding do banco Itaú, deterá 66 por cento da IU Participações, empresa que terá o controle do Itaú Unibanco Holding. O restante será detido pelos controladores do Unibanco.

A nova instituição, segundo Unibanco e Itaú, será uma das 20 maiores do mundo e a maior do Brasil, com ativos totais de 575,1 bilhões de reais, dos quais 396,6 bilhões de reais do Itaú, de acordo com dados do final do terceiro trimestre do ano.

O patrimônio líquido do Itaú Unibanco Holding será de 51,7 bilhões de reais e a instituição combinada terá 265 bilhões de reais sob sua administração.

Os bancos marcaram para final de novembro e início de dezembro assembléias para aprovação das incorporações.

O conselho de administração do Itaú Unibanco Holding terá 14 membros, dos quais seis serão indicados pela Itaúsa e pela família Moreira Salles. Os oito membros restantes serão independentes. O conselho será presidido por Pedro Moreira Salles, do Unibanco, e o presidente-executivo do grupo será Roberto Egydio Setubal, do Itaú.

"Trata-se de uma instituição financeira com a capacidade de competir no cenário internacional com os grandes bancos mundiais", informaram os bancos no comunicado. "Com essa associação, o Itaú e o Unibanco reafirmam sua confiança no futuro do Brasil, neste momento de importantes desafios no ambiente econômico e no mercado financeiro mundial."

Fonte:SÃO PAULO (Reuters)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Frase para refletir...

“Não basta mais ser apenas um inovador, você tem de correr muito mais rápido que as inovações de seus competidores. E cada vez mais competidores estão se tornando mais velozes.”
[Tom Kelley, diretor geral da IDEO (empresa de design líder da América do Norte)]

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Carrefour faz parceria com Dell

JB Online

O Carrefour fechou parceria com a Dell, segundo maior fabricante de computadores do mundo, para comercializar os produtos da marca.

No começo, os produtos estarão disponíveis em 22 hipermercados, que são voltados ao público A e B, situados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás e Paraná.

O Carrefour informou ainda que a previsão com a entrada da Dell, é que as vendas de notebooks registrem incremento de 20%.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Preciso confessar uma coisa...

Por Marcelo Cherto

Desde que estourou esta crise mais recente, deixei de ler as análises e entrevistas desses economistas e analistas econômicos todos. Simplesmente não me interessa o que eles têm a dizer, nem sua visão do que o futuro nos reserva.

Primeiro, porque estou convencido de que a grande maioria não tem noção de coisa alguma, nem dispõe de elementos que lhes permita prever o que vem por aí. Até porque usam instrumentos de ciências exatas para praticar uma ciência que não tem nada de exata.

Não sou especialista no assunto, longe disso. Mas meus 54 anos de vida e as crises que testemunhei desde que me dou por gente me ensinaram que a Economia tem muito mais a ver com a Biologia do que com a Física ou a Matemática.

O mundo econômico é um sistema complexo, assim como são a internet, a Floresta Amazônica e uma cultura de vírus num laboratório. Num sistema complexo, 1 + 1 pode ser igual a 2, assim como pode ser igual a 4 ou a 14. Uma pequena alteração no comportamento ou na estrutura de um pequeno agente secundário do sistema pode levar a resultados completamente diversos do que inicialmente se poderia esperar.

Depois, cheguei à conclusão de que ficar ouvindo o que dizem os Delfins, Mendonças e Mantegas da vida cria distrações e interfere negativamente na minha capacidade de tomar decisões com a velocidade e a objetividade que o momento requer.

Por último, sou da opinião de que um empresário ou executivo não deve perder muito tempo com o que não está sob seu controle. Precisa fazer o que resolve, atuando sobre aquilo que consegue controlar. E não perder tempo com firulas.

Não podemos permitir que aquilo que não podemos fazer nos impeça de fazer o que podemos fazer.

Se não dá (como, de fato, não dá) para mudar a direção ou a velocidade dos ventos, tratemos de ajustar as velas.

Acredito em fazer o que é preciso. E deixar o nheco-nheco para quem tem tempo e paciência para isso.

Não é sem motivo que, na parede do escritório do Grupo Cherto, está escrito em letras garrafais (indo de um lado ao outro da sala principal): "No nheco-nheco. Yes resultados".

domingo, 19 de outubro de 2008

Ibope: frente à crise, baixa renda teme volta da inflação

Agencia Estado - 19/10/2008 7:37

A nova classe média está consciente de que o tsunami financeiro internacional está fazendo marola no Brasil - para recorrer à analogia usada pelo presidente Lula - e começa a apertar os cintos. O Natal deste ano, acreditam os novos consumidores das classes C e D, será mais magro. O temor é a volta da inflação.

Os dados fazem parte de uma pesquisa do Ibope sobre a "Percepção dos efeitos da crise financeira no País pelas classes C e D", encomendada pela agência de publicidade 141 SoHo Square, do grupo WPP. O instituto foi a campo entre 7 e 9 de outubro - dias de pânico nos mercados e em que o dólar disparou, chegando a R$ 2,30. Foram ouvidas 400 pessoas com renda familiar de até R$ 1,2 mil, em Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. A margem de erro é de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.

Os entrevistados são uma pequena amostra dos 20 milhões de brasileiros que ingressaram no mercado consumidor nos últimos dois anos, impulsionados pelo aumento do crédito. Deles, 89% sabem que existe uma crise financeira internacional. Para 10%, contudo, a crise não passa de "exagero da imprensa". Quem sabe da crise se divide entre os que acham que ela já chegou ao Brasil (48%), os que acham que pode chegar nos próximos anos (25%) e os que acham que a crise não se refletirá no País (16%). O maior medo da população de baixa renda é a elevação dos preços: 35% temem a volta da inflação dos "produtos em geral" e 30% temem a alta nos alimentos. Já 20% temem a perda do emprego e 13%, não conseguir pagar as prestações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sábado, 11 de outubro de 2008

As pessoas compram o que precisam. Na crise explore outras fatias de mercados.

POR ABRAHAM SHAPIRO

- "O dólar foi a R$ 2,10".
- "Agora está a R$1,90."
- "Subiu de novo para R$ 2,30!!!"
- "Desce da janela, Oscar, já voltou a R$ 1,80 de novo."

Se você é o tipo de pessoa que, se desespera com as oscilações do mercado e acha que todo o lucro da sua empresa depende da bolsa da Ostropólia Setentrional, cuidado. A não ser que você seja um megaespeculador, é quase 100% certo que você esteja preocupado com o que pouco tem a ver com você.Não pense que os analistas estão falando sobre a sua empresa. Eles abordam situações gerais e amplas.

Para que uma análise tivesse diretamente a ver com o seu negócio, ela deveria ser setorial e, mesmo assim, passar pelo crivo de um especialista que considerasse o modo como você e seu pessoal, especificamente, trabalham e o estado atual de suas contas.Continue a produzir e vender. Ficar parado devido à crise é uma atitude que só lhe fará perder clientes e mercado.

Lembra das crises passadas? Confisco de poupança, corte de zeros, congelamento de preços... e sua empresa sobreviveu. Sabe por quê? As pessoas não param de comprar o que precisam.Você é um líder empresarial! A bolsa pode estar despencando, mas há fatias de mercado que nunca foram exploradas por sua equipe de vendas. Faça-os enxergar o que não conseguem ver.

Está aí!!! Comece refletindo sobre o seu modo de trabalhar e injete energia nova sabendo que, por pior que as coisas estejam, há muita gente precisando de seu produto ou serviço.Combata o catastrofismo com trabalho – mas trabalho eficiente... trabalho duro.

Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A economia às escuras

A crise financeira global torna-se mais séria a cada semana — e a indefinição do que virá pela frente paralisa os mercados mundiais

Ilustração: Marcelo Calenda
Por Eduardo Salgado e Melina Costa

Fonte Portal EXAME

Estou tremendamente confiante de que estamos indo na direção certa porque temos a força necessária para seguir progredindo. Não vejo nada que nos impeça de ser otimistas em relação ao nosso negócio no longo prazo.” A frase acima foi dita por Robert K. Steel, presidente do banco americano Wachovia, na terça-feira 9 de setembro, no Hotel Hilton de Nova York, numa palestra na Conferência Lehman Brothers de Finanças Globais. Seis dias depois, o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento do mundo, deixava de existir. Passaram-se outras duas semanas e o Wachovia, quarto maior banco de varejo dos Estados Unidos, era vendido ao Citi. O episódio é quase uma caricatura do momento atual da economia mundial — em que previsões caem no ridículo logo após serem professadas, várias das mais tradicionais instituições financeiras soçobram em série e os mercados oscilam do céu ao inferno ao sabor de ventos tão intensos quanto imprevisíveis. O pânico, companheiro freqüente dos investidores nas últimas semanas, voltou a dar as caras nos últimos dias do Setembro Negro. Após a negativa dos congressistas americanos em aprovar um pacote de 700 bilhões de dólares proposto pelo governo Bush para socorrer bancos — até o fechamento desta edição as negociações em torno de um novo pacote prosseguiam —, o mundo financeiro ruiu: só nos Estados Unidos, o equivalente a 1 trilhão de dólares em valor de mercado de empresas listadas na bolsa de Nova York virou pó em um único dia. Por aqui, a Bovespa teve a maior queda da década. Já se sabia que o sol não brilharia para sempre no mundo econômico e que cedo ou tarde os anos dourados da economia global teriam de acabar. Impressiona a velocidade com que a escuridão domina a cena internacional.

Numa economia às escuras, a primeira vítima é a confiança. E a falta de confiança é um veneno para o mercado. Como disse o ex-presidente Franklin Delano Roosevelt, responsável por tirar os Estados Unidos da Grande Depressão dos anos 30, é preciso temer o próprio medo. Tomados pelo pavor de fazer transações com instituições abarrotadas de títulos podres — e, portanto, à beira da falência —, bancos tratam diferentes como iguais e deixam de emprestar entre si. Isso coloca em perigo não só instituições que tomaram riscos desmedidos durante a bolha do subprime mas também as saudáveis. “Qualquer solução da crise terá necessariamente de passar pela capitalização dos bancos”, diz o economista Raghuram Rajan, professor de finanças da Universidade de Chicago e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional. “Sem isso, a normalidade não vai voltar.” De fato, o quadro atual é apavorante. O dinheiro que deveria fluir para o setor produtivo secou e, pior, essa cegueira generalizada hoje coloca em perigo o próprio sistema bancário — é sintomático que na terça-feira 30 a Libor de três meses, taxa de juro cobrada nos empréstimos interbancários, tenha

atingido sua alta histórica. Também chama a atenção o fato de a crise ter chegado com força à Europa, que vinha se mantendo razoavelmente à margem dos problemas. Para não fechar, o banco Dexia, com sede em Bruxelas, recebeu uma injeção de 9 bilhões de dólares de dinheiro público. O mesmo acontecera antes com o Fortis, o maior banco belga, socorrido às pressas com 16 bilhões de dólares pelos governos de Bélgica, Holanda e Luxemburgo. O tesouro britânico nacionalizou o Bradford & Bingley e, na Alemanha, um consórcio de bancos e o governo salvaram da masmorra o Hypo Real Estate Group, voltado para a concessão de crédito imobiliário. Eles se juntam à longa lista em que estão Fannie Mae e Freddie Mac, as maiores empresas do mercado de hipotecas americano; o AIG, maior seguradora do mundo; dois dos cinco maiores bancos de investimento, Lehman Brothers e Merrill Lynch; Washington Mutual, dono da maior parcela dos depósitos de poupança dos Estados Unidos; além, claro, do Wachovia, do falastrão Robert K. Steel. Na escala Richter usada para medir terremotos financeiros, os estragos registrados até agora não têm precedentes em quase 100 anos. “A magnitude do colapso só é comparável ao que se seguiu à crise de 1929”, diz Roger Farmer, professor de economia da Universidade da Califórnia.

Para estancar a sangria, a equipe econômica americana está empenhada em descongelar o dinheiro que parou de fluir. Uma vez que os bancos não mais conseguem capital com seus pares para fechar suas contas diárias (a diferença entre as captações e as saídas), o Federal Reserve (Fed), banco central americano, aumentou drasticamente a oferta de dinheiro à disposição do sistema. O valor, que antes do começo da crise era de menos de 100 milhões de dólares, pulou para 440 bilhões e pode passar disso se necessário. Para tentar debelar o fogo que começou a se espalhar do outro lado do Atlântico, o Fed também fortaleceu as linhas de liquidez oferecidas a bancos estrangeiros, especialmente europeus. Na última semana de setembro, a quantia total dobrou e chegou a 620 bilhões de dólares. “Além do pacote de socorro ao sistema financeiro, acho que logo veremos agressivas reduções nos juros”, diz Stephen Roach, presidente do banco Morgan Stanley na Ásia.

Uma nova preocupação que já desponta no radar da equipe econômica americana são os fundos de hedge, gestores de recursos famosos pelos altos riscos que tomam. Esses fundos movimentam 2 trilhões de dólares e estão tendo os resultados mais baixos das últimas duas décadas, com aumento crescente dos saques. Pior — para fazer frente aos resgates, estão sendo obrigados a vender papéis em seu poder e assim conseguir recursos para pagar investidores em fuga. Como o momento é péssimo para quem vende o que quer que seja nos mercados financeiros, esse movimento só aumenta o tamanho dos prejuízos na carteira dos fundos e ainda força as cotações em geral para baixo. Ante tais problemas, os fundos de hedge passaram a ser monitorados de perto pelas agências de risco — duramente criticadas pela complacência com que deram carimbos de qualidade a títulos que se provaram tão confiáveis quanto uma nota de 3 dólares na crise do subprime. Disposta agora a não incorrer no mesmo erro, a Fitch Ratings deixou claro que vai dar uma atenção redobrada aos fundos de hedge. Muitos apostam que esses fundos serão personagens centrais no próximo capítulo da crise.

Na economia real, os sinais do aperto já são claros. Na Europa, as 15 nações que adotam o euro como moeda se mantiveram estagnadas no terceiro trimestre — e podem se contrair daqui para a frente. A tendência também é de perda de fôlego econômico nos Estados Unidos, epicentro dos problemas globais. No segundo trimestre, os empréstimos tomados por empresas americanas caíram 60% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse número é conseqüência de dois fenômenos. O primeiro é o fato de que os financiamentos estão cada vez menos atrativos do ponto de vista das empresas — de acordo com o Fed, 80% dos bancos americanos aumentaram suas taxas de juro. E o segundo é a modificação dos critérios para a concessão de financiamentos, cada vez mais rígidos. Com o agravamento da crise, oito em cada dez bancos americanos aumentaram as exigências para emprestar. Diante do quadro atual de restrição de crédito, o mercado mundial de fusões e aquisições entrou em baixa. Neste ano, o volume das transações caiu 24% — e a queda só não foi maior porque a quebradeira acabou incentivando a compra de bancos.

O Setembro Negro

No olho do furacão, todas as atenções agora se voltam para Henry Paulson, secretário do Tesouro americano. Sua lista de prioridades parece não ter fim. Debelar uma crise bancária, descongelar o crédito, trazer tranqüilidade às bolsas de valores, evitar que os sintomas dos fundos de hedge não se desenvolvam, e por aí vai. Encontrar uma saída para a atual crise é o maior teste de sua carreira. Paulson trabalhou mais de 30 anos no banco Goldman Sachs, um dos ambientes mais competitivos de Wall Street, e saiu de lá como presidente. Quando assumiu o cargo no governo, há dois anos, seu principal objetivo era aproximar os investidores americanos da China e reduzir o déficit fiscal americano. Em retrospectiva, são metas singelas. Atualmente, Paulson tem à sua frente um desafio de outra natureza e escopo: enfrentar a maior turbulência financeira desde a Grande Depressão. Nas últimas semanas, o secretário e o presidente do Fed, Ben Bernanke, fizeram mais intervenções no mercado do que qualquer um de seus antecessores. Ao longo do Setembro Negro, nada disso funcionou. Instituições financeiras caíram feito peças de dominó. Nas próximas semanas, os dois vão precisar sacar mais coelhos da cartola para tirar a economia das trevas em que se meteu.

Analistas discordam sobre soluções e final da crise econômica mundial

Tianjin (China), 27 set (EFE).- Os analistas de mais de 100 países reunidos no Fórum Econômico Mundial de verão, realizado na cidade chinesa de Tianjin, são unânimes em quantificar a magnitude da atual crise financeira mundial, mas poucos estão de acordo quando se fala de prazos e soluções.
Os mais de 1.400 especialistas deste fórum sabem que a crise é grave, mas, quando são perguntados sobre quando acabará o tempo das vacas magras e qual a melhor fórmula para enfrentar esta situação, as respostas são as mais variadas possíveis.
"Se não houver acordo (no Congresso americano sobre o plano de resgate da economia dos Estados Unidos), haverá um problema grave nos mercados na segunda-feira", advertiu o ministro de Negócios, Empresas e Reforma Regulatória britânico, John Hutton.
"O problema se expandirá e o risco será para todos", acrescenta.
Na mesma linha pessimista, manifestou-se o vice-presidente do Citigroup, William R. Rhodes, que afirmou que o mundo se encontra em um "período de tremenda falta de confiança" e alertou que esta "é a pior crise desde a Grande Depressão".
Banqueiros, empresários, empreendedores e analistas reunidos em Tianjin concordam em destacar que a crise americana se espalhará para o resto do mundo se as autoridades reguladoras não cumprirem seu papel.
O problema surge diante da falta de acordo sobre o plano idealizado pelo secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, de oferecer US$ 700 bilhões no plano de resgate das empresas e bancos atingidos.
O vice-presidente do Citigroup, uma entidade sensivelmente afetada pela crise, defendeu a intervenção: "É preciso definir um piso para que os mercados possam funcionar de novo".
No entanto, o comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, advertiu que a crise não pode gerar uma "nova onda de protecionismo", e se referiu à necessidade da criação de novos reguladores mais globais e mais inteligentes.
Outros já vêem a luz no final do túnel, como o executivo-chefe da PricewaterhouseCoopers International, Samuel DiPiazza, que declarou que a "situação está um pouco complicada, mas não se espera uma recessão global, porque os mercados emergentes seguirão puxando o crescimento".
"O crescimento econômico da China freará (de 11,9% em 2007) para um patamar entre 9% e 9,5%", reconheceu o diretor da Comissão Reguladora Bancária da China (CRBC, em inglês), Liu Mingkang, em discurso.
Recém-chegado da Assembléia Geral da ONU, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, foi ao fórum presidir abertura do plenário.
Em seu esperado discurso, Wen admitiu que a economia chinesa terá mais problemas para crescer, entre outros motivos, por causa da crise financeira mundial.
Wen lamentou que a crise hipotecária americana tenha sido o estopim da crise econômica global e explicou que os objetivos agora devem ser recuperar a confiança e estreitar a cooperação internacional.
"A confiança das pessoas, dos economistas e dos líderes é básica. Agora, a confiança é mais valiosa do que a divisa ou o ouro", disse o primeiro-ministro chinês.
Neste contexto, Wen aproveitou para reiterar a postura de Pequim de não modificar sua política macroeconômica - a revalorização do iuane é uma medida largamente reivindicada na Europa e nos EUA -, que continuará "cautelosa e prudente" diante da volatilidade mundial.
Trinta anos após a abertura econômica da China, Wen comemorou o desenvolvimento alcançado, mas pediu à sociedade chinesa para continuar aprofundando as reformas e conseguir uma "sociedade harmoniosa", termo cunhado pelo atual presidente chinês, Hu Jintao.
Muitos olham para a China como a possível criadora de um novo sistema que equilibre a situação, mesmo com a questão ideológica de fundo.
O executivo-chefe do grupo chinês de software Neusoft, Lu Jiren, resumiu a idiossincrasia chinesa parafraseando o ex-presidente chinês Deng Xiaoping, o homem que abriu o país há três décadas: "Não sei se haverá uma mudança de modelo, mas não importa. Pouco importa qual é a cor do gato, o importante é que ele pegue os ratos".

Fonte: Economia UOL

O que Fazer Nesta Crise?

Por Stephen Kanitz

Toda crise tem sete fases.

Fase 1. Não há problema na economia, diz a autoridade econômica, é tudo boato.
Fase 2. Sim, temos um problema mas tudo está sob controle.
Fase 3. O problema é grave mas medidas corretivas já foram tomadas.
Fase 4. O problema é muito grave mas as medidas emergenciais surtirão efeito.
Fase 5. Pânico geral e salve-se quem puder.
Fase 6. Comissões de inquérito e caça aos culpados.
Fase 7. Identificação e prisão dos inocentes.

Os Estados Unidos e a Europa estão na fase 5. Brasil, China e Índia estão na Fase 3. Precisamos nos proteger contra a possibilidade de chegarmos na Fase 5, quando basta um entrevistado na televisão afirmar “que esta crise é igual ou pior que a de 1929”, como vários já falaram, ou escrever no jornal “as conseqüências da crise chegaram definitivamente no Brasil”, como já foi publicado, e gerar pânico por aqui.

Não, a crise ainda não chegou no Brasil, ainda estamos na Fase 3 e mesmo se crescermos 0% este ano, o que ninguém prevê, toda empresa irá vender a mesma coisa no ano que vem. Sua promoção pode estar em risco mas não o seu emprego.

Ademais esta crise nada tem a ver, nem terá, com a severidade da crise de 1929, quando 25% dos trabalhadores perderam seus empregos e que durou até 1940 com 14%. Na pior das hipóteses, o desemprego nos Estados Unidos aumentará 3%, mesmo assim só por 24 meses.

Se tivessem líderes administrativos socialmente responsáveis, eles já teriam ido a público garantir que manteriam o nível de emprego de suas empresas nos próximos 12 meses. Hoje custa mais para se treinar um novo funcionário do que para mantê-lo fazendo algo por 12 meses. 

Depois que Alan Greenspan e Nouriel Roubini saíram dizendo que a crise era igual à de 1929, todos os americanos pararam de gastar, aumentando sua poupança e prevendo o pior.  Ninguém sabe quem serão os 25% de desempregados. Quando 100% dos consumidores param de gastar por um único mês, cria-se uma espiral recessiva imprevisível. Outra alternativa seria alertar os 3% que talvez sejam demitidos para economizar, para que os 97% possam manter normalmente suas compras evitando a espiral recessiva.

Na crise de 1929, 4.000 bancos quebraram, e a mera referência a 1929 como fizeram Greenspan e Roubini, leva pessoas leigas a correr para os bancos, o que aconteceu agora na Europa.

A imprensa perdeu a capacidade de filtrar e processar informação premida pelo tempo exíguo para colocar tudo na internet. Publicam o que vier, especialmente se for notícia ruim.

Nenhum banco comercial irá quebrar, nenhum ainda quebrou nos EEUU, e mesmo se forem um ou dois, nada se compara com 4.000. Bancos sempre quebram mas ninguém percebe. Mesmo se quebrarem, o seu dinheiro, ao contrário de 1929, está no fundo DI e não no Banco. O Fundo DI está no SEU NOME e dos demais cotistas, e se um banco brasileiro quebrar, o que não vai acontecer, seu dinheiro está salvo. No máximo você terá de esperar uma semana para a troca de administrador do seu fundo. O dinheiro está aplicado em títulos do tesouro em SEU NOME, não do Banco.

Deixar o dinheiro onde está é o mais seguro. Se você resgatar o seu fundo DI, o dinheiro cai na sua conta, e se o banco quebrar justo neste dia, você vira um credor do banco. Nossos bancos estão recebendo depósitos dos apavorados estrangeiros. Muita gente em pânico está saldando suas cotas em fundos de ações e o seu gestor é OBRIGADO a vender uma ação mesmo com ela caindo 20% no dia, algo que você jamais faria.

Acionistas majoritários não estão em pânico, nem podem nem querem vender suas ações. Só os minoritários se sentem uns idiotas porque não venderam na “alta”.

Não temos bancos de investimento no Brasil. De fato, Roberto Campos implantou neste país este mesmo modelo americano que está ruindo, mas felizmente foi uma lei que “não pegou”. Problema a menos.

Só temos bancos comerciais, e estes são muito bem controlados pelo Banco Central. Além do mais, nossos bancos têm dono, e por isto estão pouco alavancados, 4 a 5 vezes, contra 20 a 25 vezes dos bancos de investimentos americanos. 

O Brasil não está alavancado. Nossos créditos diretos ao consumidor não passam de 36% do PIB, e devem crescer para 40% no ano que vem. Os Estados Unidos estão alavancados em 160% do PIB e é esta desalavancagem súbita que está causando problemas.

Nosso Banco Central, adotou o que venho alertando há anos a países e famílias - a política de ter reservas para os dias de crise e hoje temos US$ 200 bilhões. Pela primeira vez o Brasil tem reservas para sustentar uma crise duradoura, sem ter que se endividar para cobrir furos de caixa.

Temos um sistema financeiro dos mais modernos e rápidos do mundo implantado devido à inflação galopante dos anos 90. Nos Estados Unidos demora-se duas semanas para se descontar um cheque entre bancos, por isto o sistema travou. Nenhum banco confia em outro banco numa crise destas.

Esta é a hora para disseminar a nossa força, as nossas reservas, a competência de Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro (Coppead) a comandar o nosso Banco Central, e já se nota a diferença. Está na hora de mostrarmos ao mundo que como a China e Índia, nós vamos crescer via mercado interno, com produtos populares, tese que há anos venho defendendo.

Esta é a hora de mostrar o que DÁ CERTO no Brasil em vez de conseguir fama no rádio e na televisão mostrando o que poderia dar errado.

Lembre-se que os verdadeiros culpados já estão se movimentando para culpar os inocentes, e assim saírem incólumes e mais poderosos.

Stephen Kanitz
stephen@kanitz.com.br

A crise e o Brasil

Entenda - no básico - a crise econômica mundial.

Replicado do blog Oficina de Gerencia.

Estamos há bastante tempo ouvindo, vendo e lendo sobre a crise econômica, empréstimos "subprime", crise imobiliária e outros termos do "economês" que nos bombardeiam todos os dias pelas diversas mídias.

Até então, procurei entender como funcionava o esquema da crise por meio das diversas fontes de notícias e ainda não tinha conseguido uma explicação plena e razoável que evitasse a linguagem corporativa dos economistas.

Pois bem, "descobri" no Correio Braziliense , em matéria assinada pelo jornalista Ricardo Allan, o melhor resumo de tudo que foi publicado a respeito do assunto e que está ao alcance do entendimento de nós outros, mortais comuns.

O que nos interessa está no "box" de cor verde onde são listados dez itens que - de forma didática - ensinam como entender a crise. Dentro do princípio da Oficina de Gerência, de que todos os gerentes devem se preocupar com todas as notícias que ocupam as manchetes dos noticiários. Os intens são os seguintes:

<1> "Nos últimos anos, os bancos concederam empréstimos imobiliários até para pessoas com problemas de crédito no segmento subprime (crédito de alto risco).

<2> As carteiras dos bancos foram revendidas para outras instituições financeiras e as hipotecas dos imóveis serviram de lastros para operações no mercado secundário.

<3> A alta procura por imóveis criou uma "bolha" de valorização dos preços.

<4> Altamente endividados, os mutuários aumentaram o nível de calote nos contratos, gerando um efeito cascata que afetou todo o sistema financeiro.

<5> Os bancos começaram a executar as dívidas e os preços caíram, causando prejuízos a quem comprou imóveis para especular.

<6> Afetadas patrimonialmente, as instituições financeiras apresentam pesados prejuízos. O Bear Stearns, quinto maior banco de investimentos dos EUA, quebrou e foi vendido por menos de 10% de seu valor ao JP Morgan Chase.

<7> As perdas patrimoniais e os prejuízos do sistema financeiro montaram um cenário de recessão nos EUA. A economia deve cair no primeiro semestre deste ano, com queda do consumo e no nível de emprego.

<8> Como os EUA são responsáveis por um quarto da economia mundial e suas importações sustentam boa parte do comércio de outros países, o mundo inteiro deve sofrer com a provável queda das compras norte-americanas.

<9> Para cobrir os rombos nas contas, bancos e cprretoras estão se desfazendo de investimentos no mundo todo. Isso e o temor de recessão mundial abalam todas as bolsas de valores.

<10> Para conter a crise, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) vem cortando juros e injetando recursos na economia com o objetivo de estimular o crédito e o consumo.

"Apesar do discurso tran­quilizador do governo, a economia brasileira se­rá sim afetada pela crise financeira internacional. A afir­mação é do vice-presidente da Associação de Comércio Exte­rior do Brasil (AEB), José Augus­to de Castro. O mecanismo de contágio seria o comércio inter­nacional. Para o economista, não é mais absurdo imaginar que o superavit comercial do país evapore a ponto de se trans­formar num déficit já em 2009. O tamanho da contração nas ex­portações dependeria da mag­nitude do desaquecimento eco­nómico mundial e da queda nas cotações das commodities.
"Embora a crise seja mais for­te na área financeira até agora, já temos todos os sintomas de contágio pela economia real nos Estados Unidos (leia quadro). Infelizmente, a economia brasi­leira também será afetada, com impacto mais forte no ano que vem", prevê. Na avaliação de Castro, o país será prejudicado por causa dá alta dependência das commodities agrícolas e mi­nerais na pauta de exportações. De tudo o que o Brasil exporta, cerca de 65% são commodities. "Não temos nenhum controle nem sobre os preços nem sobre as quantidades desses produtos. Estamos à mercê do mundo. Se ele for mal, nós iremos mal."
Os preços das commodities aumentaram nos últimos anos, mas Castro acredita que será inevitável um refluxo...

Prudência, canja de galinha e a crise financeira 2008

Por Alfredo Passos em 24 de março de 2008 às 11:21

Fonte - Site Administradores

Segundo Larry Kahaner, Inteligência Competitiva é um programa sistemático e ético de coletar e analisar informações sobre as atividades dos concorrentes e as tendências gerais de negócios para atingir os objetivos corporativos de uma empresa.
E olhar tendências para os negócios, passa não só pelas "oportunidades", mas também pelas "ameaças".
Em agosto de 2007, passamos por uma crise financeira internacional, onde especialistas ainda explicam seus efeitos para a economia e os negócios brasileiros.
Em matéria especial, a revista Exame, 29 de agosto de 2007, resume que é "o fim do dinheiro fácil", ou seja, esse é o efeito real e imediato da mais séria crise financeira dos últimos anos, e isso não é necessariamente ruim.
E dentro deste contexto, afinal o que aconteceu é bom ou ruim?
A revista The Economist (Valor 27 de agosto de 2007), pergunta: "Será que uma recessão não faria bem aos EUA".
A matéria começa citando Rudi Dornbusch, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT que disse "nenhum dos períodos de crescimento no pós-guerra morreu de velhice. Foram, todos, assassinados pelo Fed".
A discussão passa pela missão do Fed, que não é evitar que as recessões aconteçam.
Os maiores bancos centrais do mundo, utilizam seus recursos para prestar socorro aos mercados financeiros. Em seis ocasiões, entre os anos 90 e 2000, muitos bilhões de dólares, foram gastos para estancar as crises.
Com o a crise mexicana de 1994, 47 bilhões. Em 2007, a chamada crise do subprime, ou seja, a crise no setor imobiliário americano colocou os mercados em pânico. Com isso, os bancos centrais dos Estados Unidos, União Européia, Japão e Austrália entraram em ação, com 420 bilhões, até 21 de agosto, segundo o Fundo Monetário Internacional.
A importância da informação
Na revista Exame acima citada, o octogenário Peter Bernstein, maior filósofo mundial do risco, é entrevistado.
Sobre as lições que esta crise nos oferece, ressalta "a maioria das crises financeiras – ou talvez todas elas – desenvolveu-se a partir de uma situação em que 99% das pessoas não tinham informação. É aí que fica perigoso – quando ninguém desconfia de que algo pode estar errado. Precisamos prestar atenção nos sinais da economia e julgar isso. Na crise atual, correr grandes riscos virou quase motivo de orgulho. Investir em empréstimos subprime não é diversificar riscos. É ter milhares de créditos podres. Mas havia a sensação de que as inovações do sistema financeiro resolveriam todos os problemas. Não vamos ter outra crise dessas por algum tempo, porque a lição será aprendida. Mas pode levar tempo para o sistema se regenerar."
As inovações do sistema financeiro, foi destaque no Valor - 28 de agosto de 2007, na análise do ex-secretário da Fazenda, professor e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas – FGV/EESP, Yoshiaki Nakano.
Prof. Nakano afirma que nos últimos vinte anos, o setor financeiro foi certamente o que teve maior avanço: multiplicação de inovações, grande desenvolvimento do tamanho do seu mercado, avanço tecnológico e integração global.
Por sua vez, comenta que da mesma forma, nunca na história tivemos uma sucessão tão grande de crises financeiras como neste período. A cada três anos elas vêm ocorrendo.
Sua avaliação é que ainda não podemos prever a intensidade e duração da atual crise.
Para a economista Maria da Conceição Tavares, Valor - 29 de agosto de 2007, "o Brasil está protegido contra uma turbulência forte e mesmo uma recessão dos Estados Unidos, devido ao que denominou – lado bom do conservadorismo do Banco Central.
Outros analistas são unânimes em afirmar que a crise de crédito imobiliário de alto risco (subprime) nos Estados Unidos está longe do fim, (DCI 25, 26 e 27 de agosto de 2007), ainda que, concordem que o problema permanece localizado no mercado financeiro.
O professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura, Planejamento e deputado federal, Antonio Delfim Netto, escreve no Valor, 28 de agosto de 2007, que a crise dos subprimes é um fenômeno largamente conhecido, que se repete irregularmente.
O professor Delfim Netto, lembra que a expectativa de altos ganhos para os agentes e de polpudos lucros para os intermediários financeiros reforçam-se mutuamente. Todos vão à felicidade geral. Enriquecem uns e outros, apenas porque têm a expectativa de que vão enriquecer.
Ainda lembra professor Delfim, que a crise atual é apenas mais uma repetição da "irracionalidade imanente" dos mercados não regulados que lotam o cemitério da história econômica desde o século XVII, quando se registrou a famosa bolha denominada "febre das tulipas", ou do século XX com a "nova economia".
Que ninguém se iluda, os subprimes são apenas um dos problemas do mundo imobiliário americano, afirma Delfim Netto. Os bancos vão salvar-se, mas seus administradores não. Os bônus distribuídos e embolsados pelos fundos estão seguros e não serão devolvidos. Quem vai perder, na opinião de Delfim Netto, são os aplicadores nos fundos.
Ou seja, daqui para a frente, os riscos serão melhor avaliados e o crédito mais cuidadoso.

Mas, os grandes bancos dizem que é cedo para saber se países escaparão ilesos (Valor 28 de agosto de 2007).
Os países emergentes estão em posição muito melhor do que no passado para enfrentar este teste, disse Charles Dallara, diretor-gerente do Instituto de Finanças Internacionais – IIF.
Então, enquanto analistas discutem a profundidade da crise, a vida nas empresas precisa continuar.
Agora a crise entra numa nova fase (Exame 26 de março de 2008). O quinto maior banco de investimento americano, Bear Stearns, de Nova York, que há exatamente um ano valia 17 bilhões de dólares, fechou acordo para ser incorporado ao JPMorgan por 236 milhões de dólares.
Segundo a matéria de Eduardo Salgado e Giuliana Napolitano, o calapso do Bear Stearnes, deu consistência a esse temor e espalhou a desconfiança. A ação do banco valia 77 dólares no começo deste março de 2008. Após o fechamento do acordo com JPMorgan, 2 dólares.
Talvez seja melhor escutar com atenção o primeiro trecho da música Engenho de Dentro de Jorge Bem Jor:
"Olha aí meu bem, prudência e dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém. Cuidado pra não cair da bicicleta, cuidado pra não esquecer o guarda chuva".

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como Transformar um Site num Campeão de Vendas.

foto

Paulo Roberto Kendzerski

Foi-se o tempo em que a internet era um mercado de nicho. Hoje, ela é um mercado de massa, no qual as pessoas não compram por preço, ao contrário do que muitos pensam. Comodidade, agilidade, praticidade e velocidade são as principais razões que levam as pessoas a comprarem pela web. Mas isso só acontece se elas souberem que sua empresa existe. É nesse cenário que a comunicação digital ganha, conforme mostrou Paulo Roberto Kendzerski, em palestra, nesta tarde, na ExpoVendaMais 2008.

A mesma tecnologia que permite que clientes e empresas se comuniquem por diversos meios digitais criando interatividade simultânea também possibilita que sejam criadas comunidades que vão ditar regras na criação de novos produtos e serviços ou até mesmo reunir clientes satisfeitos – e insatisfeitos – para discutir sobre o que você vende. Estar atento ao que falam de sua empresa é uma das formas mais eficazes de trabalhar sua marca na web.

Kendzerski se mostrou impressionado com a quantidade de empresas que se preocupam, no cadastro de clientes em seus sites, em pedir CPF, RG e outros dados que nada agregam. Por outro lado, deixam de lado informações fundamentais para a criação de um database marketing como quem é esse cliente, como se comporta, o que procura em seu site. Lembre-se sempre de que um site bem planejado começa desvendando quem é seu público.

E se você acredita que otimizar resultados em sites de busca é privilégio de grandes empresas, atente-se a estes dados apresentados por Kendzerski:

  • 93% dos brasileiros utilizam o Google.
  • 50% das compras on-line são feitas após pesquisa em ferramentas de busca.
  • Os três primeiros resultados do Google têm 100% de visualização, sendo que 48% dos cliques vão para o primeiro resultado.
  • 36% dos americanos consideram o primeiro resultado do Google a empresa mais importante do setor.

Portanto, quando for trabalhar seus anúncios, seja para ferramenta de busca ou link patrocinado, tenha sempre em mente o conceito de “cauda longa”, criado por Chris Anderson. Seja específico, tenha muito bem definido o quê e para quem deseja vender. Nunca esqueça de que onde há baixa demanda e pouca concorrência a chance de sucesso é maior. Fazer o que os outros fazem e falar como os outros falam é uma das maiores armadilhas da comunicação on-line.


Paulo Roberto Kendzerski é diretor de marketing da WBI Brasil, consultoria especializada em planejamento de WEB Marketing e Comunicação Digital.

Fonte: Expo VendaMais

Cenários e Tendências

Fonte: Expo VendaMais

fotoFátima Toledo

“Nunca antes na história deste país estivemos tão preparados para enfrentar uma crise internacional.” A declaração de Fátima Toledo funciona como um resumo do que foi falado por ela durante a apresentação.

A palestrante, que foi ao palco para expor cenários e tendências econômicas para o ano que vem, mostrou ao público presente que, apesar de a crise econômica internacional estar cada vez mais próxima dos brasileiros, é preciso se acalmar, pois o momento vivido pelo Brasil é um dos melhores de sua história e tudo leva a crer que o País sairá bem desse momento difícil.

Durante a exposição, Fátima falou sobre o crescimento econômico no Brasil e no mundo, a realidade econômica do País, a crise norte-americana, as reservas do Pré-sal e também sobre os possíveis resultados desse panorama atual. Para ela, o que o mundo está vivendo hoje não chega a ser uma recessão – e nem chegará a esse ponto. A especialista afirma que o máximo que acontecerá é uma desaceleração no crescimento, o que pode até ser bom para a economia brasileira.

Além disso, Fátima deu exemplos simples para que o público entendesse qual é o panorama do Brasil atualmente. Ela explicou que os países que são considerados referência para análise de resultados brasileiros são os do chamado BRIC – Brasil, Rússia Índia e China. Com isso, ela apresentou índices de crescimento, variação de PIB e outros dados que mostraram que o Brasil está crescendo, mas que ainda fica longe desses países que servem de base para análise.

“Um problema não pode ser resolvido pelo mesmo tipo de raciocínio que o criou”. Com a frase de Albert Einstein, Fátima encerrou a palestra e deixou a maior dica no ar: quer sair da crise? Pense diferente!


Fátima Toledo
É professora de Estratégia de Empresas e Cenários e Tendências do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas. É doutoranda em Antropologia do Consumo na USP e mestre em Administração de Empresas pela EAESP-FGV, tendo concluído o curso na Melbourne Business School (MBS), Austrália. Graduada em Economia pela FEA-USP e Filosofia pela USP. Atua como consultora em planejamento estratégico, Balanced Scorecard, reposicionamento e gestão de marca.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

JOSEPH STIGLITZ: SEM MEIAS PALAVRAS

Fonte: HSM

Prêmio Nobel de Economia é crítico severo do neoliberalismo. Ao analisar a crise americana,
defende a redefinição de um sistema regulatório que, inclusive, impeça que os incentivos aos
executivos de instituições financeiras premiem o que chama de “mau comportamento” e
“pilhagem dos consumidores”.

“Os americanos perderam a fé não somente no governo, mas em sua filosofia econômica: um
novo assistencialismo empresarial, que é mascarado por uma ideologia de livre-mercado”.
Essa é apenas uma das inúmeras contundentes afirmações que Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel
de Economia de 2001 e palestrante da ExpoManagement 2008 da HSM, usa para avaliar o
desempenho questionável das autoridades americanas diante da tsunami econômica que
atingiu os Estados Unidos.

O Tio Sam está enfermo e o mundo todo está em guarda. “Há um tempo, nos disseram que
estava tudo bem. Seis meses depois, que a economia estava melhorando. Agora, que o
paciente precisa de uma grande transfusão. Mas todo mundo vê que o paciente sofre é de
hemorragia interna”, disse Stiglitz em sua coluna de 1º de outubro no jornal inglês The
Guardian.

De fato, quase todo mundo vê. Não é à toa que 74% dos americanos rejeitam a política
econômica de George Bush. Mas Stiglitz não é só mais um crítico implacável de uma situação
evidentemente grave. Ele também oferece sua receita de solução. Além disso, contrário ao
fundamentalismo de livre-mercado, o economista foi um dos que anteviram o risco que os
Estados Unidos corriam. E acertaram.

“Monstruoso.” Sem meias palavras, assim Stiglitz adjetiva o plano de socorro ao setor
bancário, em entrevista concedida ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung. Para ele,
o plano que Bush tenta aprovar no congresso americano perversamente transfere o problema
para o contribuinte americano. Segundo Stiglitz, o filme é praticamente uma reprise. Há cerca
de dez anos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Tesouro americano tentaram ajudar o
Brasil, a Argentina, a Coréia, a Tailândia, a Indonésia e a Rússia. Embora Wall Street tenha se
salvado, recebendo de volta quase tudo o que perdera, nós, os contribuintes desses países,
pagamos pelos erros do mercado financeiro. Para o economista, agora a conta pode sobrar
para o povo americano. É o que faz a diferença nessa peleja entre Bush e os parlamentares
americanos.

Pela intervenção na economia

Stiglitz considera ser necessário um pacote de forte estímulo à economia, de modo a aumentar
os benefícios aos desempregados e a ajuda aos estados, que correm o risco de ter que cortar
gastos, o que pioraria a situação. “Precisamos de mais investimentos tanto no setor público
quanto no privado”, diz no The Guardian.

O economista é conhecido mundialmente pelas severas críticas que faz à teoria do laissez faire
(deixai fazer), o mote do liberalismo defendido por Adam Smith no século XIX. O laissez faire
virou fundamentalismo de livre-mercado na boca de George Soros, ou neoliberalismo. Segundo
Smith, a economia de mercado opera sob uma mão invisível, que promove o equilíbrio sócioeconômico
e orienta os indivíduos, em condições ideais. Raro, contudo, é que as condições
sejam ideais. À época em que recebeu o Prêmio Nobel, Stiglitz não se furtou a comentar que
as doutrinas neoliberais baseavam-se em erros de interpretação das teorias econômicas. Foi
justamente derrubando Adam Smith que Stiglitz se fez merecedor do Nobel (veja mais
detalhes ao final deste artigo).

Como a maioria dos republicanos conservadores, Bush é contrário às intervenções na
economia. Teve que dar o braço a torcer, contudo. Ao apelar ao congresso, justificou-se: "Eu
tenho profunda crença nas trocas comerciais livres, por isso me oponho a qualquer intervenção
do governo. Mas essas não são circunstâncias normais”.
Em entrevista ao jornal The Huffington Post, Stiglitz afirmou que a crise em Wall Street é para
o fundamentalismo de mercado o que foi a queda do muro de Berlim para o comunismo: “Ela
diz ao mundo que esta maneira de organização econômica não se sustenta. Este momento é
um marco do fato de que as demandas pela liberalização do mercado financeiro foram
equivocadas”.

A hora do mea culpa

Stiglitz considera que é relevante ir a fundo às causas da crise, de modo que se possa evitar
ou amainar novas crises. Em sua opinião, falharam os reguladores federais, como o Federal
Reserve (Fed, o Banco Central americano), mas também os executivos das instituições
financeiras estão no cerne do problema.

O Fed teria falhado como regulador e como condutor da política monetária. “Seu excesso de
liquidez (o dinheiro disponível para empréstimos a baixas taxas de juros) e os regulamentos
frouxos levaram a uma bolha da habitação. Quando a bolha estourou, os empréstimos
excessivamente alavancados e feitos em cima de ativos superavaliados, se deterioram”,
explica Stiglitz. Historicamente, a expansão acelerada dos empréstimos tem sido responsável
por uma grande parcela das crises e esta não é exceção, segundo ele.

Além disso, para o economista, o próprio Alan Greenspan, um regulador-chave, não acredita
na regulação. “Nosso país sofreu as conseqüências de ter escolhido como regulador-chefe da
economia alguém que não acreditava na regulação”, observa. “Quando os excessos no sistema
financeiro foram notados, eles apelaram para a auto-regulação, o que é um paradoxo.”

Greenspan presidiu o Fed entre agosto de 1987 e janeiro de 2006.
Após o problema da bolha tecnológica, que levou ao corte de juros de 2001, e o aumento do
preço do petróleo, decorrente da Guerra do Iraque, que fez com que o dinheiro que era gasto
em bens americanos fosse para o exterior, o Fed, na tentativa de manter a economia
funcionando, teria, na visão de Stiglitz, substituído a bolha tecnológica pela bolha da
habitação. “A poupança doméstica caiu para zero, ao nível mais baixo desde a Grande
Depressão. O Fed conseguiu manter a economia, mas de maneira míope. Os Estados Unidos
estavam sobrevivendo de dinheiro emprestado e de tempo emprestado”, avalia Stiglitz.

Quanto à culpa que cabe aos executivos das instituições financeiras, o caso seria relativamente
simples e, talvez, óbvio: esses profissionais e seus empregadores eram premiados pelo
desempenho de curto prazo, por meio de incentivos que não estavam alinhados com as
necessidades da sociedade. “Eles eram muito bem remunerados por administrar riscos e alocar
capital, o que deveria aperfeiçoar a eficiência da economia de modo tal que justificasse sua
generosa remuneração. Mas eles erraram ao alocar o capital e ao gerir o risco. Eles geraram
riscos.” Para Stiglitz, a estrutura de incentivos encorajava a assunção excessiva de riscos:
“Construímos incentivos para o mau comportamento e atingimos o objetivo”.

Redefinindo o sistema regulatório

“Precisamos, claramente, não apenas de regulação, mas de uma redefinição do sistema
regulatório”, defende o economista, não se furtando a apontar caminhos. Para isso, Stiglitz
considera um pré-requisito a atuação de políticos e criadores de políticas que acreditem na
regulação.

Ele também postula que se deva implantar um sistema que possa lidar com a expansão dos
instrumentos financeiros e das finanças. Algumas de suas recomendações foram elencadas em
seu artigo do site da rede CNN:
1. Corrigir os incentivos aos executivos, atenuando os incentivos por assunção excessiva
de riscos e por foco no curto prazo. Bônus sobre retorno em cinco anos, por exemplo, em vez
de sobre o retorno em um ano, contribuiriam para tanto.
2. Aperfeiçoar as informações aos acionistas a respeito da diluição do valor das cotas em
função de opções de ações, pois as opções de ações encorajam a contabilidade desonesta e
precisam ser freadas.
3. Criar uma comissão para a segurança do produto financeiro, de modo a garantir que os
produtos comprados e vendidos pelos bancos, fundos de pensão etc. sejam seguros para o
“consumo humano”.
4. Criar uma comissão de estabilidade dos sistemas financeiros, para monitorar o sistema
financeiro como um todo, reconhecendo as inter-relações entre as diversas partes e evitando a
alavancagem excessiva.
5. Impor outros controles para aperfeiçoar a segurança e a saúde do sistema financeiro,
que atuem como radares limitadores dos empréstimos.
6. Melhorar leis de proteção ao consumidor, incluindo leis que impeçam o empréstimo
predatório.
7. Melhorar leis de concorrência.

A respeito da concorrência, Stiglitz não suaviza as tintas: “As instituições financeiras foram
capazes de pilhar os consumidores devido à falta de concorrência. Não podemos nos ver em
situações em que uma empresa ‘é muito grande para falir’. Se é grande assim, deve ser
dividida”.

Mais sobre Stiglitz e suas idéias
Joseph E. Stiglitz é professor de Economia da universidade da Colúmbia. Foi economista-chefe
e vice-presidente do Banco Mundial na administração Clinton, além de presidente do Council of
Economic Advisers, no mesmo período. Hoje, apóia a candidatura de Barack Obama à
presidência dos Estados Unidos.

Stiglitz fez parte do grupo de especialistas em mudanças climáticas que compartilhou o Prêmio
Nobel da Paz em 2008. É co-autor, com Linda Bilmes, de Three Trillion Dollar War: The True
Costs of the Iraq Conflict.

É um crítico severo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Afirma que a instituição pressiona
os países pobres à concorrência internacional sem que antes tenham desenvolvido a devida
proteção democrática aos seus cidadãos.

Em 2001, recebeu o Prêmio Nobel de Economia (junto com George Akerlof, da Universidade da
Califórnia, e Michael Spence, da Universidade de Stanford) por uma teoria que chama a
atenção para as desigualdades entre ricos e pobres e que põe por terra a teoria da mão
invisível de Adam Smith: “A razão pela qual a mão invisível é invisível é por que ela não existe
ou, quando existe, está paralítica”, disse, em aula magna que ministrou ao receber o prêmio.

Stiglitz é um pioneiro da teoria da informação assimétrica, que postula que as partes de uma
transação não têm igualdade de informações. Um dos lados estará em desvantagem, pois
informação é poder. Essa idéia contradiz antigas teorias econômicas, que se baseiam na
existência de informações perfeitas. A teoria da informação assimétrica põe em xeque a
sabedoria do mercado e auxilia a compreender muitos fenômenos, inclusive o desemprego e o
racionamento de crédito.

Gualber Calado faz palestra no 1 Franchising Nordeste - Recife 2009