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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O mercado de Espumas no Brasil - Uma visão crítica.

CRISE ECONÔMICA MUNDIAL - O maior desafio das últimas décadas para o empresariado e governo brasileiro.

Autor: Professor Luiz Alberto

Luiz Alberto S. dos Santos - Químico Especialista

Lembro-me muito bem das inúmeras desculpas que era levado a dar aos clientes do mercado quando o preço do TDI era aumentado. Reuníamo-nos na empresa para unificarmos o discurso de forma que a justificativa fosse igual para todos. A empresa praticamente mantinha o monopólio do produto (TDI) no mercado brasileiro e não tinha para onde correr. A importação era difícil e as outras marcas disponíveis no Brasil, até por limitações de logística, não ultrapassavam uma participação de 20 ou no máximo 25% do mercado. Me lembro muito bem que uma das justificativas, em determinada ocasião, foi a elevação acentuada do preço do petróleo. Inegavelmente, o TDI bem como os polióis, são derivados diretos do petróleo e é certo que haja reajustes na razão direta com o aumento do preço de petróleo.

Com toda a lógica e todo o raciocínio cartesiano aplicado sem muita dificuldade, para estabelecer a relação entre os ajustes de preço das matérias-primas básicas do poliuretano e o petróleo, o que não consigo entender é: por que o estúpido aumento de um dia para o outro das matérias-primas por conta do dólar uma vez que o barril de petróleo despencou?

Fazendo uma conta básica: vamos supor que no início da crise o barril estava na casa dos US$150 e hoje está na casa dos US$55 enquanto na mesma época o dolar estava na casa dos R$1,68 e hoje na casa dos R$2,33. Se pegarmos uma calculadora dessas tipo made in china (não precisa ser uma HP 12C) e fizermos uma operação matemática simples, podemos verificar que o preço do petróleo caiu 63,33% e o dólar aumentou 38,69%. Em outras palavras, as matérias-primas deveriam ter sofrido uma diminuição de preços da ordem de 25%.

Muito provavelmente temos instalada no Brasil uma capacidade mínima produtiva de 5.250 ton-mês de TDI (63.000 ton-ano) e 6.250 ton-mês de Poliol Poliéter Triol de No. OH = 56 (75.000 ton-ano). Essas matérias-primas são fabricadas em solo brasileiro, por plantas instaladas em polos petroquímicos no Brasil, operadas por trabalhadores assalariados brasileiros, consumindo petróleo ora brasileiro ora importado (saudita, por exemplo), consumindo energia elétrica produzida no Brasil por nossas hidrelétricas ou termoelétricas, e transportadas basicamente via rodoviária com diesel e pneus fabricados no Brasil.

É sabido que, muito provavelmente, os tanques de estocagem de determinadas empresas distribuidoras de Poliol Poliéter Triol básico, para fabricação de espumas flexíveis de poliuretano, somam entre 800 e 1.200 toneladas. É muito pouco provável que esses tanques estivessem completamente vazios de produtos ao longo do início da crise de explosão do dólar.

Como diz o ditado "para bom entendedor, um pingo basta". É uma vergonha, uma imoralidade, como os reajustes de preços das matérias-primas básicas (TDI e poliol) são repassados para o mercado. Os lojistas não vão aceitar aumentos nos preços de 30 ou 40% nos colchões ou estofados, nos dublados, nos travesseiros e peças técnicas. É uma estupidez astronômica.
A indústria automotiva está em crise acentuada. Vai ter que enxugar, reduzir a produção, cancelar projetos e, inevitavelmente e lamentavelmente, demitir. Como é que esse segmento de mercado vai aceitar qualquer aumento de preço em seus insumos (dublados de espuma) e demais peças poliuretânicas? Não precisa ter bola de cristal para imaginar.

O dinheiro que o governo liberou para os bancos não está sendo disponibilizado para o crédito do consumidor como seria o objetivo. Na verdade os bancos estão aplicando esses recursos para se proteger e ganhar ainda mais dinheiro com a situação. Em resumo, o povo não está tendo qualquer facilitação no crediário como imaginava o governo brasileiro. Isso significa que não vai ser fácil vender, lá na ponta para o consumidor, um jogo de estofados ou colchão 30 a 50% mais caro do que a um ou dois meses atrás.

Acho que a ficha ainda não caiu. Neste natal não vai ter explosão de consumo. Essa crise é muitas vezes maior do que a crise de 29. Foram mais de 3 trilhões de dólares que deixaram de existir da noite para o dia, dólares esses que nunca existiram a não ser virtualmente, nas supervalorizações de papéis e títulos sem os devidos lastros financeiros. Tudo virtual. O modelo econômico americano montado em papéis está ruindo, ruindo como um castelo de cartas.

No Brasil temos petróleo; temos energia (hidrelétrica, termoelétrica, eólica, solar e até nuclear); temos minérios variados (ferro, ouro, manganês, urânio, cromo, e tantos outros), quase uma tabela periódica inteira; temos solo fértil e uma agricultura vasta; temos pastos; temos a maior produção de biocombustível (álcool da cana); temos um clima favorável à diferentes culturas e criações. Eu não tenho a menor dúvida que somos um dos celeiros do mundo.

RELAÇÃO DE SERVIÇOS OFERECIDOS AOS FABRICANTES DE ESPUMA

Nossas referências de preços não precisam, não podem e não devem estar atreladas com moedas do mundo. Nosso mercado interno é gigante. Somos cerca de 190 milhões de consumidores que pouco a pouco vai se informando, por rádio, por televisão, por telefonia ou por internet. Praticamente, salvo raras exceções, somos 190 milhões de cidadãos interligados por uma ampla rede de comunicação.

Quem sabe se no futuro o biodiesel possa ser uma opção economicamente viável e auto-sustentável. Mas hoje, independentemente do biodiesel, nossos carros e caminhões podem se locomover com álcool que é plantado em nosso solo. As usinas, além de obterem o álcool, ainda geram o bagaço que é em quase sua totalidade queimado nas termoelétricas para produzir energia elétrica, viabilizando os atuais patamares de preços do álcool combustível.

Temos uma das maiores criações de gado do planeta, temos carne, queijo e leite e demais derivados. O sebo é matéria-prima para a indústria de sabão e também pode fornecer um dos melhores tipos de biodiesel.

Temos comida à vontade. Em qualquer pedaço de terra o que se planta dá. Não tem porque haver fome neste país. Temos a maior reserva de minério de ferro do mundo. Fabricamos o aço em nossos fornos e todos os seus produtos e derivados em nossas siderúrgicas e metalúrgicas. Temos pouco algodão mas temos toda uma gama de materiais e fibras sintéticas derivadas do petróleo. Temos as poliolefinas, os elastômeros e borrachas, as poliamidas (nylons), os poliésteres e poliéteres, e uma infinidade de outros plásticos.

Temos toda uma indústria de construção civil altamente qualificada que exporta serviços e tecnologia para outros países.

Temos inúmeras universidades e escolas técnicas espalhadas por todo o país, com um contingente enorme de cientistas, professores, alunos e profissionais altamente capacitados para produzir, inventar, e desenvolver qualquer processo ou produto. É só apresentar o desafio para que eles sejam capazes de superar. Nossa gente, nosso povo pode e é altamente capaz.

# Análise e Redução de Custos de Formulação
# Análise e Solução de Problemas na Espumação
# Desenvolvimento de Novas Formulações / Novas Matérias-Primas
# Auditoria em Formulações e Processo de Espumação
# Treinamento Técnico de Espumadores (Produção)
# Treinamento Técnico em Montagem de Formulações
# Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos

Por tudo isso, é inaceitável, é vergonhoso o abuso que se está cometendo no fornecimento das matérias-primas básicas para a fabricação dos poliuretanos no Brasil, por conta dessa dita crise mundial. A maior crise e a pior delas, é a crise de vergonha, digo, de falta de vergonha de como as empresas supridoras de matérias-primas estão agindo com os produtores brasileiros de poliuretano. Com isto, estão provocando uma crise social, estão fazendo com que haja lares neste natal, com pais, chefes de família desempregados, tentando explicar para seus filhos que Papai Noel talvez não possa passar este ano.

Eu só pergunto uma coisa: onde estão as planilhas de custo que justifiquem o aumento nos preços em função do dólar em relação ao real? Principalmente, pergunto às fábricas de TDI e polióis que estão intaladas em solo brasileiro, utilizando-se de nossos recursos naturais, de nossa energia elétrica, de nossos operários, onde está a planilha de custo que mostra ter havido aumento de 20, 30 ou 40% nas despesas para se fabricar o mesmo TDI ou o mesmo poliol? O Governo Brasileiro precisava saber disso, precisava ver isso, precisava ver o que empresas multinacionais estão fazendo no mercado brasileiro. E precisava intervir, estabelecer regras, fiscalizar e punir se necessário for.
É tudo ... por enquanto! ......................... em 15 de novembro de 2008.

Meu nome é Luiz.
Sou Químico graduado pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrando em Ciência e Tecnologia de Polímeros do Instituto de Macromoléculas Profa. Eloísa Mano (IMA-UFRJ).

Minha Especialidade é a Produção de Poliuretanos Expandidos com foco em Espumas Flexíveis de Poliuretano.

Minha Missão é servir às empresas que me contratam, auxiliando na melhoria contínua de seu processo industrial e na qualidade de seus produtos.

Um comentário:

Alexandre R. disse...

Prezado Professor Luiz Alberto, existiria a possibilidade de importação de TDI e POLIOL a preços mais competitivos que os produzidos no Brasil? Existe taxa de importação para estes quimicos?

Gualber Calado faz palestra no 1 Franchising Nordeste - Recife 2009